quinta-feira, 31 de maio de 2012

O Sr. Carteiro...

31.5.12


quem me conhece do Facebook, sabe que passo a vida à espera do carteiro. Faço disso piada, mas fico chateada se abro a caixa do correio e não está lá nada... não chateada, ligeiramente desiludida, como quando acabam as bolachas... Brinco. Chamo ao carteiro Aurélio, mas na realidade o carteiro nem se chama isso, há um carteiro que se chama Aurélio, mas há o Zé Luis, o Duarte, o Groba e o Grobinha, o Paulinho.... muitos... moro numa cidade pequena, e sei que na maior parte dos lugares, passamos pelo carteiro muitas vezes na rua e é um homem qualquer de farda e sem rosto.. Ontem fui aos correios reclamar porque estou certa que não passa o carteiro na minha rua há alguns dias. E é impossivel que eu não tenha correio, mesmo que sejam só contas... mas ter correio, todos os dias, é um direito meu. O correio, fica acumulado na estação, e eu sei que é porque não há carteiros suficientes. É redução de custos e todas essas coisas que o bláblá do noticiário nos diz todos os dias. E fico triste. E eu gosto muito da internet e de email... só acho que é simplesmente triste que um serviço que imagino eu, levou anos a conquistar a confiança das pessoas, e que as pessoas tinham todos os dias, de repente comece a ser uma coisa rara de dia sim dia não... Já ninguém manda cartas, só eu. >Sou uma romântica... aquela velha ideia do Express mail dos filmes de cowboys... ver homens a atravessar lugares desertos a fazer estafeta com uma missiva que era entregue o mais rápido possivel... mulheres que ficavam em casa a espera de notícias do companheiro, longe na guerra... namorar por carta... receber um postal duma amiga... depois o correio azul... mais rápido que uma simples carta... o tempo antes do email... sim, sou de antes desse tempo... o carteiro, qualquer dia não há! E a esse homem, breve breve esquecido, ninguém liga.. não lhe dão os devidos bons dias na rua... já não se lhe levanta o chapéu! >Se o homem a cavalo, homem não, SENHOR, ía ao frio e vento e chuva e calor, e sofria... abriu caminho a uma profissão a quem ninguém liga nenhuma mas que durante anos foi e ainda é, útil, importante e romantica... É esse mesmo homem, homem não, SENHOR, o Sr Carteiro, que ou vai de bicicleta ou a pé a empurrar um trolly, ou de sacola a tira-colo... á chuva ao vento, ao frio, ao calor... vai carregado, porque tem menos colegas e tem de dar mais voltas... e ao que parece, ás vezes, não consegue chegar a todo o lado, muito menos a tempo! Já lá vai o seu tempo? E é por isto, que eu gosto de correio, e do Sr Carteiro, chame-se ele como chamar! Não uso chapéu, mas levanto-lhe o meu “chapéu”, com esta carta!

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