Para alguém que acha que tem de conseguir fazer tudo, conseguir fazer nada é algo que eu perdi no momento em que decidi que criar seria a minha vida.
Não fazer nada, não pensar em nada. respirar.
E então, como não consigo isso, e inevitável refugiar-me na minha zona de conforto. Embora na realidade fique furiosa. furiosa o suficiente para agarrar nas agulhas de fibra de carbono de 2mm e tricotar o tal par de meias. tic.tic.tic.tic. E respirar. Respirar e tic.tic.tic., e respirar. E penso muito quando faço tricot, inevitavelmente. Respiro tricoto e penso.
Estas meias por exemplo, tem dois objectivos, um é uma espécie de trabalho, ou seja, serão a primeira peça do meu novo projecto, mas serão tambem oferecidas, o que sendo um projecto que terá de ser explicado no final, teriam so por isso uma especie de carga. E confesso que já ri, ja me irritei, e já sei, que já devia ter posto isto do esquema tudo por escrito. Mas, quando me sento, e respiro e tic.tic.tic e penso, e me irrito ou sorrio a pensar no rosto feliz quando essa pessoa calçar as meias, ou quando as pessoas aparecerem com meias iguais a esta, e respiro e tic.tic.tic dou por mim de repente a ausentar-me deste mundo, e a ficar tranquila.
Ao acordar do não pensar em nada apercebo-me que o tic.tic.tic é o meu meditar.
Não é de todo bom este pensamento. Estou certa que mais cedo ou mais tarde vou ter de arranjar algo que não esteja tão entrançado com o meu trabalho, mas, os entrançados são bonitos, nas meias estão a ficar tão bem, e nas pessoas, ou em mim, bonitos ou não, serão o que forem.
Hoje li algo que sabia mas em que nunca penso, mas que consigo reverter quando me olho no espelho. São nos dias mais entrançados de pensamentos e desespero que eu consigo fazer as coisas mais bonitas.
Nas voltas que a vida da, nas viravoltas que a Zé dá, Volta não volta, vou na volta 139, repirar, tic.tic.tic .
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