Sou mãe.
Sou mãe de dois. Esta é uma foto dos meus primeiros dias na maternidade, há 14 anos.
Gosto de ser mãe. Ainda assim, não julgo a maternidade um acto de heroísmo. As mulheres são mães há milhares de anos. Não fiz nada de novo. Há mães que sofrem mais que eu. Há não mães que também.
O que mais me espanta na maternidade, é o endeusamento. Se decidimos ser mães, somos o máximo. Tudo gira ao nosso redor. De repente, somos donas da verdade. Sentimo-nos. De todas as coisas pequenas e grandes, sentimo-nos e ressentimo-nos.
Se amamentamos. Se não.
Se tivemos um parto em casa. Se não.
Foi epidural, fomos fracas. Não foi, somos doidas. Ou valentes.
Somos sempre ou mais ou menos.
Hoje li um estudo sobre as crianças que eram bem ou mal sucedidas porque as mães ficavam em casa.
Mães que trabalham fora tem filhos bem sucedidos. É apenas um estudo. Toda a gente sabe que não é uma regra. Mas não. Era chocante. As mulheres culpam-se. Temos medo de ficar em casa. Temos medo de sair.
Dizem que é a sociedade que exige. A sociedade tem culpa se fico em casa e sou apontada, mas se for para a rua também. O estudo nem refere se as crianças são bebés ou não, mas as pessoas vem dizer "que loucura".
Sempre trabalhei fora. Não penso que o sociedade tenha de se meter na minha vida. Não perco um minuto de sono por aquilo que a sociedade julgue os meus actos, se durmo com os miudos, se amamento, se não, se trabalho fora ou dentro.
Não existe um certo e um errado.
Não existe uma opinião mais valida que outra. Arrasem-me com comentarios negativos de eu estar a renegar o meu lugar de mulher e mãe, de eu ser menos, de eu isto ou aquilo. É-me indiferente. A tua opinião é apenas isso.
Não me incomoda.
Acho até que é, culpa da sociedade. É sempre culpa dela.
Assim, parece-me que o que deves fazer é falares com ela.
Amanhã, levantas-te, tomas o teu banho, lavas os dentes e penteias-te.
Depois, choras o que tiveres de chorar, olhas em frente ao espelho e dizes:
Sociedade, desculpa. Não sou a super mulher. Trabalho em casa, ou fora de casa, não amamentei ou consegui, pari com dores ou sem elas, mas desculpa.
Ou, olha sociedade, Não consegui ter filhos, ou, não quis ter filhos. Desculpa mesmo.
Não sei se sabes, só faço o meu melhor!
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