Eu sei porque morreu. Preparei-me para a sua partida. Teve uma morte de cansaço. Ainda assim, não entendi.
Eu tenho 44 anos e já partiram muitas pessoas que eu conheci. Tenho a minha teoria sobre a morte, e tenho a de tantas outras pessoas. Se ler essas teorias, todas fazem e não fazem qualquer sentido.
O meu pai morreu. Eu não acho que ele está no céu. Tambem não está na terra, nem no limbo. Não é uma estrelinha que cuida de mim, nem um anjo.
Só já não está. Só já não está sentado na sua cadeira ao sol... Nem na paragem dos autocarros na foz do arelho a ver o trânsito ao domingo com os amigos.
Um estranho silêncio.
Esta semana que passou morreu o pai de uma amiga, ainda nem lhe liguei como deve ser e limitei-me a enviar uma mensagem e a verdade é que cada vez que morre o pai de alguém, o meu morre de novo.
E é bem verdade que, embora custe, com o tempo, o choro transforma-se em memórias e consigo até sorrir quando penso no meu pai. Ás vezes rio, das coisas que aconteciam... E não é que o tempo tudo cure.... É só uma coisa que acontece.
Esta semana que passou o meu filho disse que pensa muitas vezes em quanto tempo será que vai ficar vivo.... E o meu coração tremeu.
E agora? Como se explica a morte, se eu própria só sei que a morte é uma espécie de "só não ser visto"... Deixar de ser... Uma cadeira vazia.
Os adultos tremem quando as crianças perguntam sobre sexo, sobre como nascem os bebés... Mas isso é tudo tão simples. Duas pessoas, sementes e ovos... Um bebé que cresce e nasce, pelo sítio onde entrou...
Explicar o nascimento é "a piece of Cake"!...
A morte, a morte é que eu não sei explicar!