terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Just doing something i feel like

27.12.16

Na realidade, já não sei há quanto tempo não acordava sem despertador num dia de semana, e no meu "ramo" no natal é quando mais trabalhamos. Mas agora que terminou, posso sentar-me e criar so por criar, juntar, misturar texturas, brincar com bocados velhos de coisas e de novas. Procurar fitas e ideias.
É estranho talvez, que no dia que decido descansar um pouco, dê por mim a fazer mais do mesmo, mas, porque ainda há quem me inspire, lá fui eu de japonesa na mão, pontos e zigue-zagues. Sim, dizem que quem corre por gosto não cansa, e no meu caso é mais "dar ao pedal". Acreditem que o meu pé neste pedal é bem melhor que no carro, culpa da vista direita. 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A piece of peace

26.12.16


While she poured the tea, i could feel the peace spread through the room. Oxitocyn. Diane smiled at me and i was just so grateful she toke me to this wonderful place.
There is so much going on in the world. Sometimes we tend to forget the wonderful people in it. 
She explained to us why she was taking the water from the pot, why the tea could not stay wet, as she poured it into our tiny cups. Her soft voice. The small temple in the next room. Emotions. 
I know i am such a cry baby, and boy i did feel the tears climbling up from my heart, but not in a sad way, just in a thankfull way, and as she told us about the artist that made what is hidden in these small packages i made today to keep them in, i knew i just had to bring a piece of this peace home, to my children, to myself, to a dear friend who understands my work and the inprint i would like to preserve in  it.
Maybe tomorrow i will show you. If you were there with me, please hush.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A ground full of leaves

28.10.16

Nao consigo explicar esta espécie de angústia. 
Segue hoje, adiei, adiei, mas segue hoje.
Vai para um lugar seguro, para o olhar das pessoas, parte de uma imensidão de memórias para trazer agarrada mais e ser entregue no final a um início de viagem junto a novos braços onde dará colo nas noites frias de qualquer estação. Chamei-lhe um céus pleno de estrelas, mas poderia te-la chamado de um chão de folhas, essas que caem no outono de cada um de nós.
Bolas que hoje pareço o outro.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

As voltas que um par de calças podem dar.

10.10.16


Se eu pudesse imaginar que estas calças dariam uma revira-volta no meu trabalho não tinha dito tantas asneiras enquanto as arranjava. 
Se pensarmos na vida útil duma peça, na nossa historia, nas roupas que usamos em dias que nos acontecem coisas que nos mudam, pensaríamos como tudo nos nossos dias são pormenores. Rasguei estas calças onde? 
À medida que mudei a minha vida, dou comigo a remendar e dar nova vida a coisas que são importantes para outras pessoas. E assim, desta forma a contar historias, histórias minhas ou tuas, que vão ficar, inevitávelmente a divagar pelo mundo, a marcar história. Uma historia só o é se a contarmos, e por isso estou orgulhosa do que ai vem. Comecou por estas calças, e o novo projecto vai começar tambem por elas. E com elas, nascerão outras.
Fica atento/a.
Digo sempre que as pessoas nos ensinam coisas sobre nós. Coisas sobre quem somos. Por vezes, alguém te entrega umas calças velhas e tu passas um ano (vá, quase) a viver dessa ideia, e agora, agora vai mesmo ficar para a minha historia, registado.
Olho para o lado, e, tenho umas calças para transformar numa saia. 
Espera que já te explico melhor.


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Custa-me que vá embora, mas há-de voltar.

3.10.16
Corrigam-me se eu estiver enganada, mas é quase certo que esta é uma das peças mais bonitas que eu já fiz. Permitam-me esta vaidade. Foram as pessoas, voces, que me enviaram as gangas, logo pertence-vos um pouco. Os tecidos utilizados nas estrelas, são restos de outros trabalhos que eu fiz, escolhidos ou porque significam algo para mim, ou para outras pessoas que habitaram este ano, que comecou em outubro. Outubro é para mim quase sempre época de mudança. 
Agora que tinha de me inspirar para uma certa janela, pareceu tão óbvio este processo e surgiu não do nada mas de uma série de boas lembranças que tenho. E uma manta de celebração. Do quente das asas que as pessoas me dão, daquilo que eu roubo delas para transformar em algo, neste caso quase sempre um sorriso um abraço ou um obrigada. 
Se algum dia eu tive dúvidas de ser "artista", confesso que no fim de dar por terminada esta peça, deixei de ter dúvidas. Não que ela seja uma obra prima, mas pelo peso que tem, pelas vivências, pelo choro e riso. 
Esta semana ela vai partir para braga, por isso permitam-me a lamechice. Eu sei que ela volta breve. Sei tambem que já foi entregue, e bem entregue, e que na volta aquecerá e será espero eu, uma boa lembrança  de mim.
Por mais relutancia que se tenha em admitir, nesta roda de facebooks, e blogs e instas, no final, os Likes são o que importam. Podemos fazer as pecas e gostar delas, até amá-las. No final nao queremos o nosso like apenas, queremos 1000. 10000. E queremos aquele abraço que diz obrigada, e acima de tudo aquele olhar de admiracao, ou melhor, uma especie de orgulho.
Queremos que uma manta aqueça só de olhar, e queremos ficar quentes, de ter juntado todas estas lembranças para a única coisa que importa neste mundo:
O afecto.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Do verbo INSPIRAR.

22.9.16

E onde se inspira?  Perguntaram-me ontem numa pequena entrevista. 
Nas pessoas. 
Em pequenos nadas que anoto no meu caderno. 
Em coisas que foram de alguém.  
Em tudo e em nada.
Nalguns dias não consigo. Sento-me e tiro fotos de coisas que amo e recomeço.
#reuz #egg #breathe #newbalance #mosaicohidraulico #cerâmica #z #someonesgeandfathersokdpants #batik

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Can you breathe and think of nothing?

13.9.16

Não sei porque o Francisco faz ovos na roda. Mas seja lá porque for, porque eu mal conheço o Francisco, obrigada! 
O Romeu deu-me isto ontém, e literalmente fiquei muda. É "só" um obejecto em cerâmica, "talvez" mas transmitiu-me uma estranha sensação de paz. Como se fosse algo que eu precisasse. 
Já no atelier, pousei-o ovo frente à janela, e fiquei a admirar o meu querido presente inesperado. 
Ando há semanas a tentar meditar, mas sem fazer nada, sem pensar em nada, não consigo. 
Não conseguia, porque ao olhar assim para esta tranquilidade branca e serena, quando dei por mim, tinha conseguido. Tudo isto para agradecer ao Romeu, mas também para que o Francisco entenda o que as mãos dele conseguem transmitir. 
Talvez já soubesse. 
Talvez eu nem consiga transmitir na totalidade tudo o que senti.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Do verbo começar...

2.9.16

Não há nada mais assutador e aliciante que um novo projecto. Na realidade já tenho quase duas peças prontas para o Romeu, e agora estou a escolher lãs para o Marco. Desta vez vou fazer um registo mais visual, para que a inspiração seja mais fácil. 
Um passo de cada vez.
Não posso demorar.
Estás curioso/a?

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

"É preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança" - Nietzsche

1.9.16

Ás vezes tento explicar os altos e baixo dos meus dias, num mesmo dia, estar no pico, descer, depois subir. Uma catadupa de emoções que nada tem a ver com o trabalho mas depois se traduzem em pontos, entrelaçados. Depois alguem que me entende manda-me um email com uma mensagem tão bonita:

Querida Zélia 

A propósito do teu post de dia 28 Agosto das 11:11am sobre excessos, hoje lembrei-me de uma frase de Nietzsche que vi no metro do Parque em Lisboa:

"É preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança"

Nota: Curiosamente não tinha uma foto sobre o caos, mas esta pareceu-me que cabia e é o que estou atrabalhar  agora. Não sendo uma estrela que dança, algo demasiado bonito para uma Zelia qualquer parir, é o meu trabalho, e resulta do meu caos. 

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Do verbo Registar

29.8.16

Sempre adorei cadernos, e ao longo dos anos, tenho comprado muitos. Confesso que não sou organizada. Com o tempo, deixo de usar, ficam a meio, sei lá o que é.
No entanto, continuo a não resistir.
No natal do ano passado recebi este, de um amigo querido, e acho que já disse aqui o quanto adorei. Hoje recebi tambem estes postais da Inês. Sao tão bonitos quanto inspiradores. E, fico mesmo feliz quando olho para o meu caderno, que certamente me influencia de alguma forma muito boa, porque é a primeira vez que este registo perdura, que recorto e colo pequenas lembranças, fotografias, resgisto datas, sorrisos, visitas, afazeres e ideias. Vamos em agosto, as páginas passam, espero ter um caderno tão inspirador para o próximo ano, este está a ficar gordinho de lembranças. A primeira vez que levo a sério este verbo, registar.

domingo, 28 de agosto de 2016

Meditar

28.8.16
Ando há semanas a tentar "respirar sem pensar em mais nada" e não é pêra doce. Parece uma coisa tão facil. Inspira, expira, encomendas, tempo, emails or responder, parar. Inspira, expira. Tecidos e lãs, facturas, perguntas por responder de clientes, falhaste aquele almoço com aquela amiga. Pára. Recomeça. 
Para alguém que acha que tem de conseguir fazer tudo, conseguir fazer nada é algo que eu perdi no momento em que decidi que criar seria a minha vida. 
Não fazer nada, não pensar em nada. respirar. 
E então, como não consigo isso, e inevitável refugiar-me na minha zona de conforto. Embora na realidade fique furiosa. furiosa o suficiente para agarrar nas agulhas de fibra de carbono de 2mm e tricotar o tal par de meias. tic.tic.tic.tic. E respirar. Respirar e tic.tic.tic., e respirar. E penso muito quando faço tricot, inevitavelmente. Respiro tricoto e penso. 
Estas meias por exemplo, tem dois objectivos, um é uma espécie de trabalho, ou seja, serão a primeira peça do meu novo projecto, mas serão tambem oferecidas, o que sendo um projecto que terá de ser explicado no final, teriam so por isso uma especie de carga. E confesso que já ri, ja me irritei, e já sei, que já devia ter posto isto do esquema tudo por escrito. Mas, quando me sento, e respiro e tic.tic.tic e penso, e me irrito ou sorrio a pensar no rosto feliz quando essa pessoa calçar as meias, ou quando as pessoas aparecerem com meias iguais a esta, e respiro e tic.tic.tic dou por mim de repente a ausentar-me deste mundo, e a ficar tranquila. 
Ao acordar do não pensar em nada apercebo-me que o tic.tic.tic é o meu meditar.
Não é de todo bom este pensamento. Estou certa que mais cedo ou mais tarde vou ter de arranjar algo que não esteja tão entrançado com o meu trabalho, mas, os entrançados são bonitos, nas meias estão a ficar tão bem, e nas pessoas, ou em mim, bonitos ou não, serão o que forem. 
Hoje li algo que sabia mas em que nunca penso, mas que consigo reverter quando me olho no espelho. São nos dias mais entrançados de pensamentos e desespero que eu consigo fazer as coisas mais bonitas. 
Nas voltas que a vida da, nas viravoltas que a Zé dá, Volta não volta, vou na volta 139, repirar, tic.tic.tic .

Da amizade e de como as ideias começam. Re-uZ.

28.8.16

Começou por me encomendar uma carteira, tive de fazer 3 para acertar. Depois tive de remendar umas calças, ás quais chamei muitos nomes feios até que finalmente lhes coloquei uma etiqueta com uma "marca" que ele ajudou a desenvolver. As vezes, posto uma foto de um BIGbag e ele da foto consegue perceber uma falha e avisa-me. Não tenho como agradecer a inspiração para este projecto que ocupa os meus dias. A Re-uZ. Nunca vou conseguir agradecer. 
Ainda não era Primavera fiz-lhe esta gola, mas na realidade foi ele que a idealizou. E já está a ajudar-me a escolher fios e cores para o meu projecto no masculino. Porque francamente, não é fácil para mim essa tarefa para "eles". Esta semana ja entreguei uma destas ardósias a um amigo. Mas na semana passada foi o Romeu que ganhou a dele. Foi um riso tirar as fotos. E difícil escolher. Ainda esta semana entrego a terceira ardósia da Susana. O trabalho dela faz pessoas felizes e isso é tão bom partilhar como mensagens as pessoas que fazem deste mundo um lugar bom. Thanks Romeu you Rock. Ainda bem que não sabes costurar. I'd be out of business.

sábado, 16 de julho de 2016

Obsessiva?

16.7.16

Disseram-me hoje que a única forma de eu conseguir viver deste meu trabalho é ser assim como sou, obsessiva. 
Fico a pensar nesse termo doentio. 
De dia costuro, e de noite e nos fins de semana, faço tricot. 
Talvez. Talvez eu seja obsessiva. Eu penso nestas coisas sem pensar, se é que me faço entender. Não consigo não fazer estas coisas todos os dias. 
Tu que me conheces, que me dizes?

domingo, 26 de junho de 2016

algo único

26.6.16


A primeira vez que apareceu no atelier pediu-me que lhe fizesse uma carteira. Definiu os seus critérios e disse que eu deveria pôr o meu cunho pessoal. Isso e o Z. Fiz-lhe a carteira, mas nem foi à primeira nem à segunda. Depois eram umas calças que adorava. Demorei uma eternidade. Assim não, depois era eu que não gostava... E com elas nasceu a Re-uZ. De uma certa forma foi ele que a criou. É, de longe, a lonjura duma galáxia distante, o meu cliente mais exigente e o meu amigo mais crítico, e se o ouço, é só porque sei que ele tem olho de lince. Fez anos um dia destes. Fiz-lhe esta camisa. Só tem as costuras base de màquina, todo o resto foi feito à mão. Cada pesponto. Sem molde. Sem rede. Cada ponto frustrado desmanchar... Cada ponto certeiro sorridente. Não lhe disse porquê e digo agora: sempre que vai buscar uma peça diz sempre: Espero que me dure a vida toda. E também porque estima as coisas como nunca vi ninguém estimar. Podia tê-la feito toda à maquina. Não seria a mesma coisa. Não teria o mesmo brilho e não teria sido algo meu. No quase final reclamou e disse: falta o Z. Na foto não se vê. Ficou nas costas. Confesso que ainda estou à espera que ele apareça lá com algum defeito. Mas para mim que a fiz do zero, digo: it Always seems impossible until it's done. Para mim está perfeita.

domingo, 5 de junho de 2016

Sueños Sonhos

5.6.16

Ayer recibí mi libro en español. Alguien me felicitó por hacer realidad un sueño. 

Lo siento por desilusionar. Nunca había soñado escribir un libro, ni en portugués, así que menos en una segunda lengua. 

 

Comencé a “tricotar” a hacer punto a los 8 años. Fue mi madre quién me enseñó.  En esa altura yo soñaba con ser bailarina y la Mujer Maravilla. A los 10 años  me dicuenta que no podía ser bailarina porquetenía dos pies izquierdos y la Mujer Maravilla, mmmm....

Pasé a tener sueños menos exigentes, como por ejemplo, ser profesora.

 

Entretanto, hacía punto.

 

Cuando acabé la escuela, fui a trabajar a una oficina donde pasaba horas delante del ordenador  y telefoneando a los clientes para pedirles dinero, sólo soñaba con que llegasen las 5 de la tarde.

 

Por la noche, seguía haciendo punto.

 

Nunca llegué a soñar con casarme o ser madre, finalmente me casé y fui madre. Mientras imaginaba como sería la cara de mi bebé, continuaba haciendo punto.

 

Un día cambié de vida, no fue ningún sueño, os lo aseguro, fue más bien todo lo contrario, pasé a abrir un taller de cosas que me gustaban hacer,  ¡qué sorpresa! , pero nunca imaginé que sería a jornada completa.  Al igual que cuando me invitaron a escribir un libro, ¡me quedé sorprendida!

 

Hago punto desde los 8 años y ya van casi 40 años tejiendo. Era mi “terapia” pero os puedo garantizar que dejó de serlo rápidamente. 

 

En el medio de los P1, 2PR, 3PD... Este inicio de “carrera” fue de todo menos un sueño. 

 

Mi editor me dijo el sábado, que  parecía que no le estaba dando importancia a todo esto. Y claro qué no, aún no doy crédito a todo lo que está sucediendo, aquel  sueño se había convertido en una realidad. 

 

Como ya he dicho en varias ocasiones, dejó de ser para mí una terapia y se convirtió, de algún modo, en una terapia para vosotros, valió la pena no contar con este sueño.

 

Yo nunca fui de muchos sueños. Ideas tengo muchas, y ya veis, en este libro van nada más y nada menos que ¡ 60!

 

Y sí, estoy tan feliz que se me llenan los ojos de lágrimas, ¡fijaos! 

En mi vida nunca se me había pasado por la cabeza escribir un libro, impreso, en papel, de verdad... ¿Quién hubiera dicho que esto me iba a suceder a mí?

 

Para quién nunca haya oído hablar de , (creo y confieso que nunca nadie en España lo ha hecho), me gustaría decirosvarias cosas: espero que os guste el libroque se entiendaporque yo no tengo idea de lo que está escrito. Y me da tanta pena no haber aprovechado las clases de Español de María...

 

Deseo, sinceramente, que con mis ideas y con las ayudas que creo que están en las páginas de este libro, consigan hacer piezas aún más bonitas de las que yo he hecho, que algunas sean de ensueño, otras que sean un sueño y otras un sueño no tansoñado.


--


Ontém recebi o meu livro em Espanhol. Alguém me deu os parabéns pela realização de um sonho.
Lamento desiludir. Nunca tinha sonhado escrever um livro, nem em português, quanto mais mais vê-lo traduzido para uma segunda língua.

Comecei a tricotar aos 8 anos. Foi a minha mãe quem me ensinou. Nessa altura eu já tinha sonhado em ser bailarina, e a Mulher Maravilha. Aos 10 percebi que bailarina eu não ía ser porque tenho dois pés esquerdos e a Mulher Maravilha, hmmm...
Passei a ter sonhos menos exigentes, como ser professora. 

Enquanto isso, tricotava.

Quando a escola terminou, fui trabalhar num escritório onde passava horas a fio ao computador e a telefonar aos clientes a pedir dinheiro, e sonhava que fossem 5 da tarde.

À noite, tricotava.

Nunca tinha sonhado em casar ou ser mãe, e casei, e fui mãe, e do segundo, enquanto sonhava ver o rosto da minha bebé, tricotava.

Um dia mudei de vida, e também não foi nenhum sonho, acreditem, foi mais o contrário, e abri pasme-se um atelier, de coisas que eu gosto mesmo de fazer, mas nunca tinha sonhado fazer assim a tempo inteiro, e pasme-se, de repente convidam-me para escrever um livro.

Eu tricoto desde os 8 anos, e já vão quase 40 a tricotar. Era a minha "terapia" mas podem crer que deixou rapidamente de o ser. No meio dos P1, 2ML, 3MM... Este início de "carreira" foi tudo menos um sonho. 

O meu editor estava a dizer-me no Sábado, que eu não parecia estar a dar muita importância a tudo isto. É claro que não, ainda não estava a acreditar. Não estava a acreditar, nem estou ainda, que, este meu não sonho, se tornou uma realidade.

Como eu já disse, várias vezes, se deixou temporariamente de ser uma Terapia para mim, e se torna de alguma forma uma terapia para vós, valeu a pena não ter sonhado com isto. 

Eu nunca fui muito de sonhos. Ideias tenho muitas, ora aqui neste livro tenho nada mais nada menos que 60!

E sim, estou tão feliz que me vieram as lágrimas aos olhos, vejam só,
O meu NUNCA me tinha passado escrever um livro na vida pela cabeça, impresso e, papel, um livro a sério, 
Quem diria que isto um dia me iria acontecer!

Para quem nunca ouviu falar de mim, (confesso que acho que ninguém em Espanha alguma vez ouviu falar em mim), queria dizer: espero que gostem. espero que se entendam, porque não faço ideia do que está escrito neste livro. E tenho tanta pena de não ter aproveitado as aulas de espanhol da Maria. 

Espero muito sinceramente que, com as minhas ideias, e com a ajuda que eu penso estar nas páginas deste livro, consigam fazer peças ainda mais bonitas do que as que eu fiz, que algumas sejam de sonhos, algumas sejam um sonho, e outras um não sonho tornado sonho.


quinta-feira, 2 de junho de 2016

dos miúdos...

2.6.16

A velha história. Crias dois, da mesma maneira. Um é tranquilo, a outra...
Ás vezes, doem-me as cordas vocais de gritar com ela. Para quê mentir? A maternidade não tem de ser perfeita. eu não sou uma "doce senhora" e sim, eles são o meu melhor. ainda assim, tenho dias que a bruxa má ao pé de mim, seria um doce. 
No fundo também os tento "engordar", ainda que não para o mesmo efeito.
Até para alguem que está a anos luz de ser mãe galinha, caramba, tenho de confessar, que nunca tendo sonhado em ser mãe, e correndo o sério risco de chegar aos 50 sem voz, vale a pena entrar no quarto  deles para ver esta imagem.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

47

23.5.16

(Thank you R for the photo)

segunda-feira, 7 de março de 2016

Mulher

7.3.16

No outro dia conversava contigo, lembras? Sobre isto. Lembrarmo-nos. Termos tempo. Fazer-mos as coisas que gostamos. E dizias-me, que às vezes esquecias-te. 
Esquecemo-nos. Andamos a correr. Os empregos e ateliers. Os miudos. Tomar conta de coisas. Responsabilidades. 
Chegamos a casa. Ha coisas para arrumar. Gente para alimentar. Esquecemo-nos dos "rolos no cabelo" ou pior, esquecemo-nos de por os "rolos no cabelo"; falo por mim, só ha umas semanas comprei uma escova. Compro cremes que nunca uso. Alguem deve gostar muito de mim lá em cima, que a minha cara e o resto ainda não descaiu sabe-se lá porque estranho milagre, aos 46 anos. Esqueço-me dos cremes. De por aquelas máscaras verdes que se veem no cinema.
Também é certo que pouco arrumo a casa. Não sei o que faço a esse tempo, ah, espera, há uma coisa que faço, tomar banhos de espuma e comer batatas fritas, disse-te?
Não faço muitas coisas para ser mulher, há coisas que não gosto, coisas que acho não preciso, mas confesso-te que tenho uma queda por roupa interior bonita, e acho sempre que não importa se de facto as outras pessoas veem, o que nós gostamos é que vale. 
Mas eu tambem me esqueço, era isso que te queria dizer. E não podemos. Mesmo se formos mães ou tivernos muito trabalho ou isto ou aquilo. Só uns minutos vá, para honrar as que não se podem dar ao luxo de ser mais mulheres.
E quem diz estas coisas "futeis" diz todas as outras, reclamar cada dia pelo que precisamos, ou queremos, exigir. SER.
Amanhã é novamênte o dia da mulher. Ja sabes que odeio. Odeio que ainda seja preciso, francamente que pensei que quando chegasse a esta idade já não fosse preciso. E o dia da mulher não é sobre coisas pequenas como batons, e saltos altos ou escolher andar descalça ou nua. 
Mas tambem é. Não é?
Olha-te ao espelho.
Olho-me ao espelho.
Sou uma. A cada dia que passa o meu rosto vinca. O meu feitio vinca. 
Sou uma. Nalguns dias preciso que me lembrem, que me digam que sou bonita, inteligente.
Mas cá dentro seja ou não, eu lembro-me mais vezes do que me esqueco.
Gosto de ser uma, e não trocaria, a não ser, talvez que não pudesse, como muitas ser apenas ELAS MESMAS.

Por isso, lembrei-me destas palavras da Clarisse. Acho sempre que ao ler estas palavras me sinto ainda mais mulher.

" pareceu-lhe então, meditativa, que não havia homem ou mulher que por acaso não se tivesse olhado ao espelho e não se surpreendesse consigo próprio. Por uma fracção de segundo a pessoa se via como um objecto a ser olhado, o que poderiam chamar de narcisismo mas, ja influenciada por ulisses, ela chamaria de:gosto de ser."

Agora vá, ja sei que ha coisas mais importantes para pensar e fazer, para quando a minha filha for um pouco mais velha, não receba mensagens no telemovel a dizer que amanhã se vai jantar fora. Afinal ainda nao perdi a esperança que, um dia, não seja preciso.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Aprender quando se ensina.

2.3.16

Sempre que ensino, aprendo.
Perguntei se sabiam o que era a palavra portuguesa para "tricot", era malha. sabiam.
Expliquei duas vezes a uma crianca de 6/7 anos como se tricotava e ele aprendeu na hora.
Os meninos da sala, tanto quanto as meninas, queriam experimentar. 
Um deles chegou a casa e pediu à mãe umas agulhas, e alguém lhe deu umas. Porque afinal, quando somos assim como estes meninos, ainda não percebemos que os crescidos esperam de nós que nos comportemos como homens ou mulheres, nao entendendo que os verdadeiros homens e as verdadeiras mulheres podem fazer de tudo. De tudo que lhe dê prazer. E no fim, quando a "professora da malha" se vai embora, também é permitido abracar e agradecer.
Sempre que ensino, aprendo. 
Há miudos que são mais crescidos aos 6/7 anos, que são depois. 
Os miudos, ensinam coisas, nós só precisamos ouvir, e aprender!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

São "só" umas calças velhas?

25.2.16

Eu sei que são apenas umas calças velhas. Mas pediram-me para lhes dar uma nova vida e olhem que tem dado trabalho. Ainda ontem este mesmo "remendo" da foto era outro, e acreditem que tirar zigzag dá mesmo dor de cabeça. A questão é, ainda que possa não estar perfeito, se eu não gostar de alguma coisa, por muito que me digam que está bom, não consigo. Sei que as pessoas fazem as coisas como fazem. Que ha coisas que chegam, que há quem se satisfaça com menos. Mas, e se fores como eu entenderás, perseguir, conseguir, satisfazer o teu proprio ego, é, no final o prémio que buscas alcançar. Seja num livro, num desenho qualquer, numa fotografia, ou até num par de calças de uma amigo, que provavelmente se vão desfazer da primeira vez que as vestir.
Entendes?

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Old pants make new skirt!

26.1.16
Há uns tempos atrás o Romeu trouxe-me umas calças em muito mau estado para eu modificar e tornar novas. Confesso que estão aqui encostadas. Estavam à espera de inspiração. 
Com todo este zum-zum do livro nem tenho tudo tempo de me sentar a costurar, mas senti essa necessidade e hoje tive mesmo de fazer uns pontos ou dava em doida. 
Rebusquei no armário e encontrei umas calças velhas que não usava porque não gostava de me ver com elas. E este foi o resultado. O que acham? Tenho a certeza que vou usar a saia muito, muito. Gosto mesmo dela!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Don't call it a dream, call it a plan!

15.1.16

Não sei ainda o que sinto. Ainda nem tive tempo de parar para pensar. Dois anos. Dois longos e rápidos anos. Nunca tinha pensado escrever um livro. Nunca tinha pensado o trabalho que dá. Que não o consegues fazer sozinha. Que nunca consegues agradecer o suficiente as pessoas que acreditaram. 
Lembro-me apenas que quando me convidaram eu decidi que ia simplesmente fingir que sabia o que estava a fazer. Como se fosse um teatro. 
E olha! Parece que fiz. Se fiz bem ou mal, isso são os outros que decidem. 
Hoje está à venda. Por aí, numa livraria perto de ti! 
Não sei já se o tricot é uma terapia. Durañte dois anos ele foi um trabalho, nada zen, nada tranquilo. 
Ainda assim, se com estes dois anos do tricot ter deixado de ser uma terapia para mim, façam que ele  seja uma terapia para alguém, 
terá certamente valido a pena!