sábado, 1 de dezembro de 2012

Presentes

1.12.12


20121201-182343.jpg

Na quinta feira há workshop de meias cá em casa. Surgiu duma pequena conversa no chat com uma desconhecida. Combinamos, ela quer pagar, mas é um presente. Publiquei a info no facebook, quem ensina uma, ensina duas, ou três.

Recebi mensagens. Moro longe, a gasolina é cara. Se fosse num outro dia.
Recebi outras mensagens. Que eu era tão generosa...

Não sou generosa. Talvez, só um bocadinho.

Estes dois últimos anos que passaram, a vida ensinou-me coisas. Todos os anos aprendem-se coisas, é certo. Mas, nos anos em que a vida é dura, em que nos confrontamos com faltas de coisas, em que as pessoas nos falham, nos desiludem... Aprendemos mais coisas.

Num destes dias, em que a vida não me corre bem, uma pessoa por quem eu sou obrigada a admitir, não sentia nenhuma afeição especial... Que eu achava sempre faltava qualquer coisa, que eu não conseguia criar laços.... Telefonou-me. Disse-me que queria dar-me um presente pelo aniversario da minha filha, e que seriam as vacinas.
A vida ensina-nos coisas sobre as pessoas. Sobre a nossa pessoa. Aquela que vemos no reflexo do espelho e que julgamos sempre sensata, esperta... Mas que não é suficientemente humilde pata pensar que as pessoas, as outras, não se devem julgar.... Nesse dia, com esse telefonema apanhei uma grande bofetada, e ganhei admiração por alguém que eu pensava nem gostar de mim, mas que foi a única pessoa que me ofereceu uma ajuda concreta. Não disse "se
Precisares de 'alguma coisa'" - como quem oferece algo de vago.... Uma pessoa generosa.

As vacinas custaram-me 158€. Eu disse que quando fosse comprar as vacinas, lhe diria.... E nunca disse. Na realidade não precisei, Sandra, mas nunca esqueci, porque o presente de teres dito que me davas as vacinas, foi o de ter crescido. E de ter sido obrigada a ver quem tu és. E shame ON me!

Numa época de presentes, onde todos dizem que os presentes este ano vão falhar. Os adultos não vão ganhar presentes.... As pessoas esquecem que há presentes que não custam dinheiro. Custam só presente. O presente. O nosso tempo, o agora.
O melhor presente, é olharmos, e dizermos, estou presente. E estar, mesmo!

2 comentários:

  1. Ah, Zélia, que bofetada apanhei agora também!...

    ResponderEliminar
  2. Às vezes é bom levar bofetadas! :) foi com algumas delas que os nossos pais nos fizeram crescer e agora é a vez da vida nos ensinar! um grande beijinho grande Zélia.

    ResponderEliminar