sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A ground full of leaves

28.10.16

Nao consigo explicar esta espécie de angústia. 
Segue hoje, adiei, adiei, mas segue hoje.
Vai para um lugar seguro, para o olhar das pessoas, parte de uma imensidão de memórias para trazer agarrada mais e ser entregue no final a um início de viagem junto a novos braços onde dará colo nas noites frias de qualquer estação. Chamei-lhe um céus pleno de estrelas, mas poderia te-la chamado de um chão de folhas, essas que caem no outono de cada um de nós.
Bolas que hoje pareço o outro.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

As voltas que um par de calças podem dar.

10.10.16


Se eu pudesse imaginar que estas calças dariam uma revira-volta no meu trabalho não tinha dito tantas asneiras enquanto as arranjava. 
Se pensarmos na vida útil duma peça, na nossa historia, nas roupas que usamos em dias que nos acontecem coisas que nos mudam, pensaríamos como tudo nos nossos dias são pormenores. Rasguei estas calças onde? 
À medida que mudei a minha vida, dou comigo a remendar e dar nova vida a coisas que são importantes para outras pessoas. E assim, desta forma a contar historias, histórias minhas ou tuas, que vão ficar, inevitávelmente a divagar pelo mundo, a marcar história. Uma historia só o é se a contarmos, e por isso estou orgulhosa do que ai vem. Comecou por estas calças, e o novo projecto vai começar tambem por elas. E com elas, nascerão outras.
Fica atento/a.
Digo sempre que as pessoas nos ensinam coisas sobre nós. Coisas sobre quem somos. Por vezes, alguém te entrega umas calças velhas e tu passas um ano (vá, quase) a viver dessa ideia, e agora, agora vai mesmo ficar para a minha historia, registado.
Olho para o lado, e, tenho umas calças para transformar numa saia. 
Espera que já te explico melhor.


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Custa-me que vá embora, mas há-de voltar.

3.10.16
Corrigam-me se eu estiver enganada, mas é quase certo que esta é uma das peças mais bonitas que eu já fiz. Permitam-me esta vaidade. Foram as pessoas, voces, que me enviaram as gangas, logo pertence-vos um pouco. Os tecidos utilizados nas estrelas, são restos de outros trabalhos que eu fiz, escolhidos ou porque significam algo para mim, ou para outras pessoas que habitaram este ano, que comecou em outubro. Outubro é para mim quase sempre época de mudança. 
Agora que tinha de me inspirar para uma certa janela, pareceu tão óbvio este processo e surgiu não do nada mas de uma série de boas lembranças que tenho. E uma manta de celebração. Do quente das asas que as pessoas me dão, daquilo que eu roubo delas para transformar em algo, neste caso quase sempre um sorriso um abraço ou um obrigada. 
Se algum dia eu tive dúvidas de ser "artista", confesso que no fim de dar por terminada esta peça, deixei de ter dúvidas. Não que ela seja uma obra prima, mas pelo peso que tem, pelas vivências, pelo choro e riso. 
Esta semana ela vai partir para braga, por isso permitam-me a lamechice. Eu sei que ela volta breve. Sei tambem que já foi entregue, e bem entregue, e que na volta aquecerá e será espero eu, uma boa lembrança  de mim.
Por mais relutancia que se tenha em admitir, nesta roda de facebooks, e blogs e instas, no final, os Likes são o que importam. Podemos fazer as pecas e gostar delas, até amá-las. No final nao queremos o nosso like apenas, queremos 1000. 10000. E queremos aquele abraço que diz obrigada, e acima de tudo aquele olhar de admiracao, ou melhor, uma especie de orgulho.
Queremos que uma manta aqueça só de olhar, e queremos ficar quentes, de ter juntado todas estas lembranças para a única coisa que importa neste mundo:
O afecto.