domingo, 26 de junho de 2016

algo único

26.6.16


A primeira vez que apareceu no atelier pediu-me que lhe fizesse uma carteira. Definiu os seus critérios e disse que eu deveria pôr o meu cunho pessoal. Isso e o Z. Fiz-lhe a carteira, mas nem foi à primeira nem à segunda. Depois eram umas calças que adorava. Demorei uma eternidade. Assim não, depois era eu que não gostava... E com elas nasceu a Re-uZ. De uma certa forma foi ele que a criou. É, de longe, a lonjura duma galáxia distante, o meu cliente mais exigente e o meu amigo mais crítico, e se o ouço, é só porque sei que ele tem olho de lince. Fez anos um dia destes. Fiz-lhe esta camisa. Só tem as costuras base de màquina, todo o resto foi feito à mão. Cada pesponto. Sem molde. Sem rede. Cada ponto frustrado desmanchar... Cada ponto certeiro sorridente. Não lhe disse porquê e digo agora: sempre que vai buscar uma peça diz sempre: Espero que me dure a vida toda. E também porque estima as coisas como nunca vi ninguém estimar. Podia tê-la feito toda à maquina. Não seria a mesma coisa. Não teria o mesmo brilho e não teria sido algo meu. No quase final reclamou e disse: falta o Z. Na foto não se vê. Ficou nas costas. Confesso que ainda estou à espera que ele apareça lá com algum defeito. Mas para mim que a fiz do zero, digo: it Always seems impossible until it's done. Para mim está perfeita.

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