domingo, 8 de janeiro de 2017

Tal como pele.

8.1.17
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Há muitos anos atrás, estudei sobre pele. Oxitocina e pele. Que a pele tem memória. Que essa memória nasce no ventre, e morre apenas quando morremos. É uma ideia da qual gosto.
Mas este post não é sobre pele. É sobre tecidos. Sobre Batik, que é certamente o meu tipo de tecido preferido. Não pela qualidade, mas pelas memórias que associo a ele. 
O primeiro batik que ganhei foi da mesma época em que eu estudava sobre pele. Tinha vindo de África, estava carregado de memórias felizes de bebés que eram carregados ao colo e foi a minha querida Sofia Valente quem me deu. Um dia comprei o cor de rosa, da fotografia. Apenas um tecido com rebordo, era "africano" mas tinha vindo da Holanda, de onde vem muitos, muitos tecidos africanos (ah, pois é, e lá que são feitos); esse pano passou a estar impregnado de memorias, de tardes deitada ao sol numa praia qualquer, ou de usá-lo no parque, para me sentar, a tricotar, aqui e ali. No porta bagagens do carro, dentro do meu saco, num pique-nique. Ele carrega as minhas memórias, muitas. 
A Virginia deu-me tambem alguns batiks, um dos quais está na foto superior direita, que morou no meu sotão, na minha sala, e um dia fiz-lhe um rebordo e ofereci ao Romeu.
e os outros dois foram oferecidos neste natal, pela Rita Inglez, uma quase desconhecida, que os teve 20 anos e depois achou que eu era merecedora de fazer algo com eles. Um entreguei, e o outro, do canto inferior direito, há de ser ou uma saia ou algo que me lembre mesmo antes de fazer a saia, ainda estou indecisa.
A magia do batik para mim, é que não precisa de nada para durar, para ficar bonito, para ser especial. Só precisa de tempo, para carregar memorias e ser algo especial, que olhamos e nos faz lembrar momentos e gente.
Tal como a nossa pele.

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